quarta-feira, 22 de setembro de 2010

                                                DE-VIR

Pensar! Entender! Escolha! Sim, escolha. Escolhe-la para dançar simplesmente porque em De-vir a dança é muito mais que simplesmente dançar, na obra se exala teores, formas, conceitos e pré-conceitos,expõe o visto e o não visto, fala com o silêncio e comunica-se com os sons do corpo. Beleza e estranheza dão o teor à forma.
Mudar! Sim, mudar... pensamentos, escolhas, estética... significar e (re)significar. A formação de um bailarino (e quando falo bailarino digo por mim) esta ligada a formas e a uma estética dita como bela (uma beleza Helênica de Apolos e Afrodites) vislumbrada e desejada desde a antiguidade. Então, porque trocar essa idéia de “eterialidade” pela sutiliza no chão? Porque trocar ou incluir no acervo do corpo essa linguagem tão distante de mim? Seria o auto-conhecimento ou um flagelo infringido ao corpo? Nós seres humanos e artistas somos volúveis, permeáveis e conduzíveis, por isso é preciso mudar para olhar o mundo e enxergar outras formas, fora das nossas prisões, daquilo que nos é imposto como belo, certo e puro. A experiência desse tempo de De-vir me fez enxergar um número maior de possibilidades para o meu corpo, para a integridade dos movimentos e das novas formas, sem máscaras ou fingimentos. A desconstrução de um corpo já construído, remodelado agora em outra dinâmica e percepção. Esse corpo agora "trans-formado" torna-se parte de um novo contexto, de uma nova e inexplorada aventura. Por isso a obra – De-vir – não esta estagnada, ela se recria, ela faz e refaz direções e interferências, faz pensar, repensar, ouvir e sentir. Foi dessa maneira que aprendi a dançar despido de pudor, e vestido de arte. Essa experiência foi imprescindível para meu olhar sobre a dança, perceber outras linguagens. Me fez compreender que a arte assume vários caminhos. Encarar verdades e expor fragilidades de maneira transparente. A obra influenciou diretamente na minha inclusão no contexto contemporâneo, me fez ter uma visão globalizada em um novo corpo que dança. 

             
A dança, de Matisse, e a mesma noção do pintor da necessidade da arte como superação dos limites humanos em favor de uma alegria de viver, tão necessária quando tudo parece não ter mais saída, parece simbolizar a força que buscam na rede da vida o que os protegerá da destruição